A Coroação, o último evento desse tipo ocorreu em 1953, com a coroação de Elizabete sua mãe.
O próximo evento, a coroação do rei Carlos III da Grã-Bretanha, está marcada para 6 de maio de 2023, na Abadia de Westminster, em Londres.
O anteriormente conhecido como príncipe Charles, ou príncipe de Gales, o rei Charles III ascendeu ao trono com a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II.
Como a monarquia tenta incessantemente se manter viva e ao mesmo tempo se adaptar aos padrões da sociedade moderna, a coroação será supostamente um evento em escala reduzida e mais inclusivo para os padrões atuais.
Porém uma parte intrigante da coroação do rei Charles III da tradição britânica, será a presença de um de antigo objeto conhecido como a Pedra do Destino.
O objeto arcaico esteve presente nas cerimônias de coroação de reis e rainhas do Reino Unido por séculos, considerado um dos artefatos mais intrigantes da história da Escócia e Inglaterra.
Embora a pedra agora resida no Castelo de Edimburgo, na Escócia, as origens exatas do artefato se perderam na história.
Mas, de acordo com a tradição real, estará disponível na Abadia de Westminster para a coroação do rei Carlos III.
A Pedra do Destino, às vezes chamada de Pedra do Scone (traduzido quer dizer “Pedra Fadada”), pesa cerca de 152 quilos (cerca de 330 libras) e acredita-se que tenha desempenhado um papel na coroação de reis e rainhas escoceses por séculos antes de ser alojada na Inglaterra, trata-se de bloco de arenito vermelho.
Existe uma incisão em forma de cruz em sua superfície, e um anel de ferro em cada extremidade para auxiliar o transporte.
De acordo com o folclore escocês, a Pedra de Scone ou Pedra da Coroação tem conexões bíblicas e teria sido trazida para a Irlanda pelo profeta Jeremias ou pela filha de um faraó.
Há quem acredite que é a pedra bíblica do Livro de Gênesis. No Antigo Testamento, Jacó usou uma pedra como travesseiro quando teve sua famosa visão de uma escada que leva ao céu.
A relíquia religiosa teria sido levada para a Escócia por Fergus, o lendário primeiro rei dos escoceses, por volta de 500 dC, tendo sido recolhido onde se conhece como Irlanda.
Acredita-se que a pedra passou seus primeiros cem anos na Escócia em Argyll e na Ilha de Iona.
Até que por volta de 1300 DC, o rei Eduardo I da Inglaterra, que conquistou a Escócia em 1296, capturou e trouxe o sagrado artefato escocês de volta à Inglaterra, onde ficou por centenas de anos na Abadia de Westminster, durante a Primeira Guerra da Independência Escocesa.
Enquanto em Westminster, a Pedra do Destino estava alojada dentro de uma cadeira ornamentada de quase 2 metros de altura que se acredita ter sido usada pela primeira vez na coroação de Eduardo I.
Desde então, a centenária cadeira, conhecida como a Cadeira da Coroação da Cadeira de Santo Eduardo, foi trazida para a coroação do rei Carlos II.
É nela que o monarca inglês se sentará em sua cerimônia de coroação.
Rebeldes Escoceses roubaram a Pedra em 1950.
No natal de 1950, três anos antes da coroação da rainha Elizabeth II, estudantes universitários escoceses roubaram a Pedra do Destino de onde ela estava em Westminster.
O importante artefato então ressurgiu a centenas de quilômetros de distância no altar-mor da Abadia de Arbroath, na cidade de Arbroath, na Escócia.
O antigo pedaço esculpido de arenito quase foi devolvido à Escócia uma vez antes, em 1328, com a aprovação de um tratado escocês, mas os manifestantes ingleses impediram que isso acontecesse.
Sobre a importância do objeto simbólico, Ian Hamilton, que esteve envolvido no roubo de 1950, disse mais tarde,via BBC News:
“A Pedra do Destino é o ícone da Escócia. Em uma das muitas invasões dos ingleses na Escócia, eles levaram afastado o símbolo da nossa nação. Trazê-lo de volta foi um gesto muito simbólico.”
Em 1996, a Pedra do Destino foi oficialmente devolvida ao povo escocês, onde residiu desde então, apenas para retornar à Abadia de Westminster no caso de uma cerimônia de coroação, como vai acontecer na coroação do rei Carlos III.
Sobre a importância do objeto na história, o chefe de coleções do Historic Environment Scotland, Richard Welander, que ajudou a trazer o artefato de volta à Escócia, disse, via Historic Environment Scotland:
“A Pedra do Destino é verdadeiramente única, nenhum outro objeto como esse continua a cativar e intrigar o público em igual medida.”
Curiosidade, a história do roubo para os ingleses e tentativa de reparação histórica para os escoceses foi transformada em um filme, datado de 2008, chamado ‘A Pedra do Destino’.
Confira a seguir o trailer do filme ‘A Pedra do Destino’.
Sobre o autor:
licenciado em história pela Uniasselvi – Centro Universitário Leonardo da Vinci e especializado em Arqueologia pelo Centro Universitário UNIVINTE – FUCAP.