Nos tempos medievais, enquanto pequenos reinos europeus brigavam por pequenas diferenças de terra e religião, as estepes orientais ecoavam ao som estrondoso dos cascos dos grandes Khans. Entre os conquistadores mais temidos da história, Genghis Khan e seus generais derrotaram todos os exércitos que estavam em seu caminho, da China à Hungria, e massacraram qualquer um que os resistisse. No entanto, em meados do século XIV, essas conquistas começaram a se fragmentar à medida que os descendentes do grande Khan lutavam entre si e ciosamente acumulavam suas próprias seções do império.
O Destino de Timur
O nome de Timur, que significa “ferro” na língua Chagatai de Transoxiana (atual Uzbequistão), reflete a dureza de sua terra natal. Nascido em 1336, Timur cresceu sob o governo dos Khans Chagatai, descendentes de Gengis Khan. Seu pai era um nobre menor dos Barlas, uma tribo mongol fortemente influenciada pela cultura islâmica e turca. Desde jovem, Timur se via como herdeiro das conquistas de Genghis Khan e do profeta Maomé.
Mesmo ferimentos incapacitantes, sofridos ao tentar roubar uma ovelha em 1363, não o impediram de acreditar nesse destino. Ele começou a ganhar fama como líder de um bando de cavaleiros nos exércitos Chagatai. O armamento e as táticas desses cavaleiros diferiam significativamente de suas contrapartes ocidentais, sendo mais móveis e adaptáveis.
Quando o vizinho oriental de seu império, Tughlugh de Kashgar, invadiu, Timur se juntou a ele contra seus antigos empregadores e foi recompensado com a soberania de Transoxiana e da tribo Barlas após a morte de seu pai. Em 1370, já era um líder poderoso na região, capaz de repelir Tughlugh quando este tentou tirar Transoxiana dele.
Timur demonstrou todas as qualidades de um déspota: generosidade e carisma para ganhar seguidores e crueldade para eliminar rivais. Ele impiedosamente assassinou seu meio-irmão e casou-se com a esposa deste, uma descendente de Genghis Khan, legitimando assim seu domínio sobre o Canato de Chagatai.
Conquista Implacável
Os próximos trinta e cinco anos foram marcados por conquistas implacáveis. Seu primeiro rival significativo foi Tokhtamysh, governante da Horda Dourada. Após lutas amargas, uniram forças contra os russos moscovitas, incendiando Moscou em 1382. Seguiram-se a conquista da Pérsia, que envolveu um massacre de mais de 100.000 civis em Herat, e outra guerra com Tokhtamysh que esmagou o poder da Horda Dourada Mongol.
A campanha de Timur contra o Sultanato de Delhi em 1398 foi particularmente notável. Seus homens derrotaram um exército de elefantes indianos antes de saquear Delhi, uma das cidades mais ricas do mundo na época. Essa conquista consolidou ainda mais o poder de Timur no leste, preparando-o para enfrentar novos desafios no oeste.
A Ameaça Otomana e a Conspiração Chinesa
No final do século XIV, o emergente Império Otomano começou a ameaçar os muçulmanos turcomanos na Anatólia, étnicamente e religiosamente ligados a Timur. Em resposta, ele saqueou cidades otomanas como Aleppo e Damasco e, em 1402, derrotou o sultão Bayezid na Batalha de Ancara, destruindo suas forças. Com o Império Otomano temporariamente enfraquecido, Timur voltou-se contra os Cavaleiros Hospitalários na Anatólia ocidental, proclamando-se ghazi, ou guerreiro do Islã, para ganhar ainda mais apoio.
Campanha Final e Legado
Em 1405, Timur planejou uma invasão da Mongólia e da China Imperial, desviando-se para retomar Bagdá. Contudo, a dura campanha de inverno e sua saúde debilitada levaram à sua morte em 14 de fevereiro de 1405, antes de alcançar a China.
O legado de Timur é complexo. No Oriente Próximo e na Índia, ele é visto como um vândalo assassino em massa, responsável pela morte de cerca de 17 milhões de pessoas, aproximadamente 5% da população mundial na época. Em sua terra natal, ele é celebrado como herói, restaurador da grandeza mongol e campeão do Islã. Sua influência cultural perdurou, mesmo que seu império não tenha sobrevivido às disputas entre seus filhos.
Timur foi também um estudioso talentoso, falava várias línguas e apreciava a companhia de proeminentes pensadores islâmicos, como Ibn Khaldun. Sua rede de missões diplomáticas se estendeu até a Europa, onde foi reconhecido como um vencedor do agressivo Império Otomano. Embora Timur fosse um déspota cruel, suas façanhas e legado cultural ainda são estudados e permanecem relevantes até hoje.
Timur, o “ferro” de Transoxiana, deixou uma marca indelével na história mundial. Suas conquistas militares, sua astúcia política e sua capacidade de mesclar culturas deixaram um legado complexo e multifacetado. Embora muitas de suas ações sejam condenadas, seu impacto na história medieval e sua contribuição para a disseminação do conhecimento islâmico são inegáveis. A história de Timor é um testemunho de como um único líder pode moldar o curso de nações e culturas, para o bem ou para o mal.