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Por que os Anglo-Saxões Continuaram se Rebelando Contra Guilherme Após a Conquista Normanda

A conquista normanda da Inglaterra em 1066 foi um evento que mudou a história do país de maneira profunda e duradoura. Guilherme, o Conquistador, começou seu reinado prometendo continuidade, mas rapidamente enfrentou resistência e rebeliões dos anglo-saxões. Este artigo explora as razões por trás dessas rebeliões persistentes e as respostas brutais de Guilherme para consolidar seu poder.

Promessas de Continuidade e Mudanças Drásticas

Após sua coroação no Natal de 1066, Guilherme professou manter as leis e costumes que estavam em vigor sob o reinado de Eduardo, o Confessor. Um mandado preservado nos Arquivos Metropolitanos de Londres ilustra essa intenção de continuidade, declarando que nada mudaria para os cidadãos de Londres. No entanto, essa política de continuidade foi rapidamente seguida por mudanças drásticas que desagradaram profundamente os anglo-saxões.

A chegada dos normandos trouxe uma nova elite governante que substituiu a aristocracia anglo-saxônica. Guilherme tinha um exército de cerca de 7.000 homens, ávidos por terras e recompensas. Ao contrário dos vikings, que muitas vezes saqueavam e retornavam para casa, os normandos estavam determinados a se estabelecer e tomar posse de terras inglesas. Isso resultou na expropriação de terras dos anglo-saxões, inicialmente dos mortos, mas logo também dos vivos, à medida que as rebeliões continuavam.

Percepções de Indulgência e a Ilusão de Não Conquista

Uma razão intrigante para a persistência das rebeliões foi a percepção inicial dos normandos como relativamente indulgentes. Após a Batalha de Hastings, Guilherme tentou pacificar a elite inglesa, devolvendo-lhes suas terras e buscando uma sociedade anglo-normanda. Essa abordagem contrastava com a de Cnut, o Grande, que, seguindo a tradição viking, eliminou implacavelmente qualquer ameaça ao seu poder.

Os anglo-saxões, familiarizados com as conquistas violentas dos vikings, não sentiram que haviam sido devidamente conquistados pelos normandos. Eles acreditavam que ainda poderiam reverter a situação com uma grande rebelião. Essa percepção levou a uma série de insurreições nos primeiros anos do reinado de Guilherme.

Respostas Brutais às Rebeliões

As rebeliões contínuas levaram Guilherme a adotar métodos cada vez mais brutais para consolidar seu domínio. O exemplo mais notável é o “Harrying do Norte” (Devastação do Norte), uma campanha devastadora que ocorreu entre 1069 e 1070. Após repetidas rebeliões no norte da Inglaterra, apoiadas por invasões dinamarquesas, Guilherme decidiu que, se não pudesse manter o controle da região, então ninguém mais poderia.

Guilherme ordenou que suas tropas destruíssem completamente a paisagem de Yorkshire, queimando celeiros, matando gado e arrasando vilarejos. Esse ato de destruição visava garantir que a região não pudesse sustentar vida ou abrigar exércitos invasores no futuro. A escala da devastação foi tão grande que causou choque entre os contemporâneos e resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas devido à fome que se seguiu.

Impacto Duradouro

A conquista normanda e a subsequente repressão das rebeliões anglo-saxônicas transformaram a sociedade inglesa de maneira fundamental. Toda a elite anglo-saxônica foi deserdada e substituída por recém-chegados continentais. Esse processo não apenas consolidou o poder de Guilherme, mas também alterou permanentemente a estrutura social e política da Inglaterra.

Além disso, as respostas brutais de Guilherme às rebeliões, especialmente o Harrying do Norte, deixaram uma marca indelével na história da Inglaterra. Esses eventos demonstraram a determinação implacável de Guilherme em manter seu domínio e a disposição de usar qualquer meio necessário para alcançar esse objetivo.

A resistência anglo-saxônica à conquista normanda foi motivada por uma combinação de desaprovação pelas mudanças impostas, percepções errôneas de indulgência e um desejo de reverter a situação. As respostas brutais de Guilherme, embora eficazes em consolidar seu poder, deixaram um legado de destruição e mudança social profunda. A conquista normanda e os anos de rebelião que se seguiram são um testemunho do tumultuoso período de transição que moldou a Inglaterra medieval e teve repercussões duradouras na história do país.

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