Leitura de História

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Como a invasão de Guilherme, o Conquistador, pelo mar, não foi exatamente como planejado

Em 1066, Harold Godwinson ascendeu ao trono inglês após a morte de Eduardo, o Confessor, e rapidamente enfrentou desafios de vários fronts, incluindo a ameaça iminente do Duque Guilherme da Normandia. Este último, reclamando o trono inglês como seu por direito, começou a preparar uma invasão para reivindicar sua suposta herança. Harold, por sua vez, concentrou suas defesas ao longo da costa sul da Inglaterra, aguardando a chegada das forças normandas durante todo o verão de 1066.

Contudo, o desembarque de Guilherme foi adiado por condições climáticas adversas e problemas logísticos. Embora algumas fontes contemporâneas normandas alegassem que o atraso se devia ao mau tempo, historiadores modernos contestam essa explicação como uma possível propaganda. A verdadeira razão parece ser uma combinação de estratégia de espera e dificuldades práticas de reunir uma frota e um exército mercenário tão vastos.

A Crônica Anglo-Saxônica registra que, em 8 de setembro de 1066, Harold foi forçado a dispersar suas tropas devido à escassez de suprimentos, permitindo um breve alívio antes da invasão normanda. Em contraste, Guilherme reuniu sua frota na foz do Rio Dives na Normandia, mas enfrentou um revés inesperado quando ventos adversos desviaram sua frota para Poitiers, na França. Ali, ele e suas tropas esperaram por semanas, enfrentando chuvas incessantes e ventos contrários que pareciam desafiar sua missão divinamente sancionada.

Em 27 de setembro, finalmente, os ventos mudaram de direção favorável. Guilherme de Poitiers, embora tendencioso em favor de seu patrono, oferece uma visão dramática do desembarque normando. Segundo ele, o navio de Guilherme, com seu design distintivo, navegou à frente dos demais na escuridão da noite, perdendo-se momentaneamente de vista pela manhã, até ser avistado em uma cena que lembra uma “floresta de velas” no horizonte.

Após desembarcar, Guilherme enfrentou novos desafios. Contrariando relatos míticos e exagerados, Guilherme demonstrou calma e estratégia ao lidar com as circunstâncias adversas. Sua capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças e de explorar os atrasos de Harold, que enfrentava invasores nórdicos em outro lugar, reflete sua habilidade como comandante militar e político astuto.

Em 14 de outubro de 1066, na famosa Batalha de Hastings, Guilherme finalmente encontrou Harold em um confronto decisivo que resultou na vitória normanda e na consolidação do controle sobre a Inglaterra. Esse evento não apenas marcou a ascensão da dinastia normanda no trono inglês, mas também teve profundas consequências para a história e cultura da Inglaterra medieval.