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Leitura de História

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Warwick, o Kings-Maker: Ascensão, Poder e Queda na Inglaterra

Warwick, o “King-Maker”, é uma figura emblemática do século XV, cujo impacto na política inglesa é inegável. Conhecido por seu papel como herói militar, autor publicista e populista, Warwick dominou o cenário político durante duas décadas, moldando a história com suas ações audaciosas e suas intrincadas manobras diplomáticas. Seu nome está entrelaçado com a ascensão e queda de reis e com as vicissitudes da política medieval inglesa.

  1. A união que elevou seu status

Richard Neville, o futuro Conde de Warwick, começou sua ascensão ao poder com um casamento estratégico. No início da década de 1440, ele se casou com Anne Beauchamp, filha do Conde de Warwick, Richard Beauchamp. Após a morte prematura da filha de seu irmão, Anne herdou vastas propriedades e o título de Warwick. Este casamento não apenas conferiu a Neville um status social elevado, mas também o consolidou como uma das figuras mais influentes de sua época. A riqueza e as terras herdadas fortaleceram sua posição política e financeira, garantindo-lhe uma base sólida para suas futuras empreitadas.

  1. O papel decisivo na Batalha de St Albans

Warwick se destacou na Batalha de St Albans em 1455, um confronto crucial na Guerra das Rosas. Observando a posição enfraquecida das tropas monarquistas, Warwick liderou um ataque surpresa que virou o curso da batalha a favor dos yorkistas. Ele mobilizou seus retentores e atravessou as casas em Holwell Street, abrindo portas traseiras que permitiram um ataque bem-sucedido aos monarquistas. Este movimento estratégico não apenas garantiu a vitória dos yorkistas na batalha, mas também estabeleceu Warwick como um líder militar astuto e um ator crucial na política inglesa.

  1. A ascensão ao cargo de Capitão de Calais

Como recompensa por seus esforços valentes em St Albans, Warwick recebeu o título de Capitão de Calais. Este cargo era de grande importância estratégica, pois Calais era uma das principais possessões inglesas na França. A posição permitiu a Warwick consolidar seu poder na região e criar uma base sólida de apoio que ele utilizaria nos anos seguintes. A administração eficaz de Calais fortaleceu suas posições políticas e militares, tornando-o um dos protagonistas mais poderosos da época.

  1. A tentativa frustrada de invasão em 1459

Em 1459, quando a guerra parecia iminente, Warwick tentou invadir a Inglaterra com tropas bem treinadas sob o comando de Sir Andrew Trollope. No entanto, Trollope desertou, deixando Warwick em uma posição precária. O exército yorkista, agora sem liderança adequada, se viu desamparado. Warwick, seu pai e alguns seguidores conseguiram escapar para Calais em um pequeno navio de pesca, mas a tentativa de invasão foi um revés significativo para os yorkistas. Esta falha demonstrou a volatilidade e os desafios das campanhas militares na época.

  1. A captura do rei Henrique VI

Em 1460, Warwick, junto com o Conde de Salisbury e Edward de York, atravessou de Calais para Sandwich e marchou para Londres. A sua habilidade militar e estratégica se manifestou quando, em julho, ele derrotou as forças lancastrianas na Batalha de Northampton e capturou o rei Henrique VI. Esta conquista foi um ponto crucial na Guerra das Rosas, pois Warwick garantiu o controle dos yorkistas sobre a Inglaterra por um tempo.

  1. A coroação de Eduardo IV

Warwick desempenhou um papel fundamental na coroação de Eduardo IV. Apesar dos desafios e das forças adversárias, Warwick trouxe Eduardo de York para Londres e o proclamou rei em 1461. Esta ação foi decisiva para a consolidação do poder dos yorkistas e estabeleceu Warwick como um dos principais arquitetos da nova ordem política em Inglaterra. Sua influência e habilidade política garantiram a ascensão de Eduardo IV ao trono e solidificaram a posição dos yorkistas no cenário político.

  1. A ruptura com Eduardo IV

A relação entre Warwick e Eduardo IV começou a se deteriorar após a ascensão de Eduardo ao trono. O rei desconsiderou uma proposta de casamento de Warwick e casou-se secretamente com Elizabeth Woodville, o que enfureceu Warwick. Em retaliação, Warwick retornou a Calais, onde sua filha Isabel se casou com George, duque de Clarence, irmão de Eduardo. Esta ação demonstrou a crescente frustração de Warwick e a deterioração de sua aliança com Eduardo IV.

  1. A tomada e perda do trono

Warwick não hesitou em aproveitar a oportunidade quando Eduardo IV foi forçado a sair do país devido a uma rebelião em Lincolnshire. Warwick tomou o trono e governou como regente, restaurando Henrique VI ao poder. No entanto, em março de 1470, Eduardo IV retornou à Inglaterra com um exército e conquistou o trono. Warwick, acusado de traição, fugiu para a França, onde buscou apoio para sua causa.

  1. A aliança com Margarida de Anjou

Warwick se reconciliou com Margarida de Anjou, a esposa de Henrique VI, e prometeu casar sua segunda filha com o filho de Margarida. Com o apoio de Luís XI da França, Warwick desembarcou em Dartmouth em setembro de 1470 com forças combinadas de Lancastrianos e seus aliados. Henrique VI foi restaurado ao trono, e Warwick governou como tenente. Esta aliança temporária demonstrou a habilidade de Warwick em navegar nas complexidades políticas da época.

  1. A traição e a derrota final

Apesar de seus esforços para restaurar Henrique VI, Warwick enfrentou traição por parte de Clarence, que começou a conspirar contra ele. Quando Eduardo IV retornou à Inglaterra, Clarence se juntou a ele. A batalha final ocorreu em Barnet em 14 de abril de 1471, onde Warwick foi derrotado e morto. No entanto, sua filha Anne se casou com Ricardo de Gloucester, futuro Ricardo III, garantindo uma continuação da influência familiar na história inglesa.

Warwick, o “Rei-Maker”, foi uma figura de destaque na política inglesa do século XV, cuja habilidade estratégica e astúcia política moldaram o curso da história. Sua vida e suas ações refletem as intrincadas dinâmicas da Guerra das Rosas e a complexidade das alianças e traições que definiram esse período tumultuado.


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