Leitura de História

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Edward, o Confessor: O Rei Anglo-Saxão e Seu Legado

Eduardo, o Confessor, foi o penúltimo rei anglo-saxão da Inglaterra, filho de Etelredo II, o Despreparado, e de Emma da Normandia. Sua vida e reinado, embora frequentemente ofuscados pelos eventos que se seguiram à sua morte, revelam uma figura complexa e estrategista, que deixou uma marca indelével na história inglesa. Vamos explorar dez fatos pouco conhecidos sobre Eduardo, cuja morte desencadeou as batalhas pelo trono inglês entre sucessores ambiciosos, como Harold Godwinson, William, Duque da Normandia, e Harald Hardrada.

1. Autoproclamação como Rei Durante o Reinado de Cnut

Nascido por volta de 1004, Eduardo deveria ter herdado o trono de seu pai, Etelredo II. No entanto, a conquista da Inglaterra por Cnut da Dinamarca em 1016 o forçou ao exílio na Normandia. Mesmo assim, Eduardo afirmou seu status real. Documentos normandos mostram que, já em 1034, ele se autodenominava ‘Rei Eduardo’, apesar de Cnut ainda governar a Inglaterra na época.

2. Tentativas de Capturar o Trono

Convicto de seu direito ao trono, Eduardo fez várias tentativas de invadir a Inglaterra. Em 1034, com o apoio de seu primo, o duque Roberto da Normandia, Eduardo lançou uma invasão que fracassou devido a tempestades que desviaram sua frota para a Bretanha. Persistente, ele tentou novamente em 1036 e, embora tenha vencido uma batalha perto de Southampton, a instabilidade política o obrigou a retornar à Normandia. Em 1041, uma terceira tentativa o levou de volta à Inglaterra, onde foi finalmente recebido como herdeiro legítimo após a morte de Harthacnut, filho de Cnut.

3. Reorganização da Frota e Fundador dos Cinque Ports

Para defender a costa inglesa dos ataques vikings, Eduardo reorganizou a frota, substituindo as tripulações mercenárias dinamarquesas por navios fornecidos pelos portos da costa sudeste. Ele estabeleceu os Cinque Ports, que incluíam Sandwich, Dover, Romney, Hastings e Hythe, concedendo-lhes privilégios em troca de defesa marítima.

4. Introdução dos Castelos na Inglaterra

Antes do reinado de Eduardo, fortificações aristocráticas na Inglaterra eram rudimentares. Para conter os galeses, Eduardo trouxe comandantes militares franceses que construíram castelos ao longo das fronteiras. Esses castelos, inovadores e estratégicos, geraram atritos com os locais, mas se tornaram uma ferramenta crucial na defesa do reino.

5. Aprisionamento da Esposa em um Convento

Eduardo e sua esposa, Edith, não conseguiram ter filhos, e quando a família de Edith foi exilada por se opor ao rei, Eduardo aproveitou para enviá-la a um convento. Considerando o divórcio e um novo casamento, Eduardo eventualmente restaurou Edith à sua posição. Em anos posteriores, Edith encomendou uma biografia de Eduardo, exaltando-o como santo, e escolheu ser enterrada ao seu lado na Abadia de Westminster.

6. Derrotas dos Escoceses e Galeses

Eduardo enfrentou inimigos formidáveis como Gruffudd ap Llewelyn, rei de Gales, e Macbeth, rei da Escócia. Em 1054, Macbeth foi derrotado, e Gruffudd, uma década depois, com sua cabeça trazida como troféu. Em 1066, os reis da Escócia e de Gales reconheceram Eduardo como senhor da Grã-Bretanha, um reconhecimento que não estenderam a seus sucessores.

7. Período de Paz e Prosperidade

O reinado de Eduardo foi lembrado como um período de paz e prosperidade, especialmente em comparação com os tumultos que se seguiram. A estabilidade política e alianças pacíficas garantiram o respeito das potências vizinhas. Evidências arqueológicas, como a quantidade de moedas encontradas, indicam que a população desfrutou de maior prosperidade econômica durante seu reinado.

8. O Rei Milagreiro

Eduardo cultivou uma imagem quase divina, alegando realizar milagres, como curar scrofula com o toque de suas mãos. Esses relatos fortaleceram sua autoridade e contribuíram para sua reputação de santidade, um mito que perdurou e levou à sua canonização.

9. Sobrevivência a Grandes Rebeliões

Durante seu reinado, Eduardo enfrentou duas grandes rebeliões. Em 1051-2, a oposição à influência de seus favoritos estrangeiros e, em 1065, a raiva contra o poderoso Tostig. Em ambos os casos, a resolução pacífica foi alcançada, embora Eduardo tenha sido forçado a recuar diante da oposição.

10. Único Monarca Canonizado da Inglaterra

Edward é o único monarca anglo-saxão canonizado. Canonizado pelo Papa em 1161, ele personificou a mística divina da realeza, apelando a monarcas posteriores como Henrique III, que o admirava profundamente. Eduardo descansa na Abadia de Westminster, cercado pelos túmulos de monarcas que esperavam compartilhar de sua glória.

Edward, o Confessor, foi uma figura fascinante cuja vida e reinado tiveram um impacto duradouro na história inglesa. Suas tentativas de afirmar seu direito ao trono, suas reformas militares e administrativas, e sua reputação de santidade moldaram a Inglaterra de maneiras que ainda ressoam hoje.

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