Leitura de História

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Os Sete Papas Mais Infames da História

O Papa Francisco é o mais recente de uma longa linhagem de papas, que já conta com mais de 250 detentores do Papado. Ao longo da história, enquanto alguns papas se destacaram por sua devoção e integridade, outros foram notórios por seu comportamento escandaloso e ambições desmedidas. A corrupção e a ambição de alguns papas, por exemplo, chegaram a ser retratadas na obra de Dante Alighieri, no poema épico Inferno. Outros contribuíram para eventos históricos significativos, como a Reforma Protestante. Neste artigo, exploraremos os sete papas mais infames da história, destacando suas ações e os impactos duradouros que tiveram na Igreja e no mundo.

  1. Papa Estêvão VI

O Papa Estêvão VI iniciou seu breve reinado em 22 de maio de 896, e seu papado durou apenas um ano. Durante seu governo, Estêvão VI conduziu um dos julgamentos mais bizarros e controversos da história da Igreja: o Sínodo do Cadáver. Em janeiro de 897, Estevão ordenou a exumação do corpo de seu antecessor, o Papa Formosus, e o colocou em julgamento post-mortem. O cadáver de Formosus foi colocado em um trono, e um diácono foi nomeado para defender” o corpo. Motivado por seu desejo de agradar os ex-inimigos de Formosus, a Casa de Spoleto, Estêvão VI declarou o cadáver culpado de vários crimes, incluindo a cobiça pelo papado e a violação dos cânones da Igreja.

Como punição, Estêvão ordenou que três dedos da mão do cadáver de Formosus fossem cortados. Ele também teve as vestimentas papais de Formosus removidas, anulou suas ações como papa e jogou o corpo no rio Tibre. O evento causou um clamor público significativo, levando à prisão e eventual estrangulamento de Estêvão por organizar tal julgamento. Este episódio, conhecido como o “Sínodo do Cadáver”, exemplifica o nível de corrupção e extravagância que alguns papas alcançaram.

  1. Papa Sérgio III

Sérgio III, que serviu como papa de 904 a 911, é lembrado não apenas por seu apoio ao infame Sínodo do Cadáver, mas também por suas ações pessoais e políticas escandalosas. Admirador de Estêvão VI, Sérgio não se contentou em apenas eliminar o antipapa Cristóvão (um falso reclamante do papado) e seu antecessor, Leão V. Ele também manteve um longo relacionamento com sua amante de 15 anos, Marozia, uma garota romana. Este romance resultou em um filho ilegítimo, que mais tarde se tornaria Papa João XI.

A era de Sérgio III é frequentemente chamada de “Regra das Harlots” ou “Pornocracia”, referindo-se ao controle que Marozia e sua mãe exerceram sobre o papado. Sérgio III, portanto, não apenas ajudou a moldar a história do papado por meio de suas ações políticas e pessoais, mas também contribuiu para a imagem corrupta da Igreja durante seu tempo.

  1. Papa João XII

João XII, cujo reinado ocorreu de 955 a 964, é um dos papas mais escandalosos da história. Filho de Alberico II de Spoleto, João teve uma origem familiar incerta, sendo filho da meia-irmã de Alberico ou de sua concubina. Durante seu papado, João gerenciou seus assuntos políticos e pessoais de maneira desastrosa. Inicialmente, foi forçado a nomear Otão I da Alemanha como Sacro Imperador Romano-Germânico para proteger seu trono contra a nobreza italiana. Embora Otão tenha defendido João, o advertiu a abandonar sua “vaidade e adultério”.

João XII, no entanto, temia o poder de Otão e conspirou com seus inimigos para depô-lo, o que resultou em um conflito militar entre o Sacro Imperador e o Papa. Durante o cerco de Roma por parte das forças de Otão, João fugiu da cidade, levando o tesouro papal e indo caçar na Campânia. Sua morte subsequente foi provocada pelo marido de um de seus numerosos amantes. A reputação de João era tão negativa que o Palácio de Latrão foi descrito como um “bordel”, e ele foi acusado até mesmo de ter um caso com sua própria sobrinha.

  1. Papa Bento IX

Bento IX, com seu papado conturbado, detém a infâmia de ter vendido o papado. Ele foi papa em três ocasiões diferentes entre 1032 e 1045, e sua trajetória foi marcada por escândalos e corrupção. O Papa Vítor III, que viveu algumas décadas depois, criticou Bento por “estupros, assassinatos e outros atos indescritíveis de violência e sodomia”. Bento IX também é conhecido por ter sido o primeiro papa homossexual, e sua reputação adúltera o levou a ser deposto e expulso de Roma.

Bento IX voltou ao poder após vender o papado a Gregório VI, apenas para retomar o cargo mais tarde. Sua ascensão e queda tumultuada refletiram a corrupção e a instabilidade que marcaram seu papado. Finalmente, Bento foi derrubado pelo rei Henrique dos alemães, encerrando seu tumultuado período no poder.

  1. Papa Bonifácio VIII

O pontificado de Bonifácio VIII, que durou de 1294 a 1303, é notório por suas disputas políticas e intrigas. Bonifácio entrou em conflito com vários monarcas europeus, incluindo o rei da França e o rei da Alemanha. Além disso, seu suposto comportamento corrupto e suas políticas agressivas lhe renderam a desconfiança e a crítica de seus contemporâneos. Bonifácio também é lembrado por suas promessas quebradas de misericórdia à cidade italiana de Palestrina, que foi saqueada e sua terra salgada após a rendição.

A fama de Bonifácio foi perpetuada por Dante Alighieri em sua obra Divina Comédia, na qual o papa foi colocado no Oitavo Círculo do Inferno. Após sua morte, Bonifácio foi julgado postumamente por seus crimes, e a absolvição foi conseguida apenas quando dois cavaleiros se ofereceram para defender sua inocência em um julgamento por combate.

  1. Papa Alexandre VI

Alexandre VI, membro da notória família Borgia, é amplamente considerado um dos papas mais controversos. Quando chegou ao poder, Giovanni di Lorenzo de’ Medici comentou que “agora estamos no poder de um lobo, talvez o mais predador que este mundo já viu”. Alexandre VI é conhecido por seu nepotismo extremo e pela promoção de seu filho Cesare Borgia ao arcebispado de Valência quando este ainda era muito jovem. Além disso, manteve um longo relacionamento com a rica italiana Vannozza dei Cattanei, com quem teve quatro filhos, todos legitimados por Alexandre.

O nepotismo e a corrupção de Alexandre VI não só mancharam a reputação do papado, mas também influenciaram a política europeia da época. Seus numerosos filhos ilegítimos e sua busca incessante por poder político ilustram o nível de corrupção que a Igreja enfrentava durante seu pontificado.

  1. Papa Leão X

O reinado de Leão X, de 1513 a 1521, é marcado por seu envolvimento na concessão de indulgências em troca de doações financeiras. A promessa de que a compra de uma indulgência poderia reduzir o tempo de purgação e acelerar a passagem para a vida após a morte foi amplamente criticada. Para arrecadar fundos para a reconstrução da Basílica de São Pedro e outros empreendimentos artísticos, Leão X concedeu inúmeras indulgências, prática que foi questionada por Martinho Lutero em suas 95 Teses.

A decisão de Leão X de ignorar as demandas de Lutero contribuiu para o início da Reforma Protestante, um evento que transformou profundamente a Igreja Católica e o cristianismo ocidental. Além disso, Leão X era conhecido por seu amor por caçadas e possuía um elefante de estimação chamado Hanno. Quando seus gastos extravagantes levaram a Igreja a uma séria dívida, Leão comentou com ironia: “Já que Deus nos deu o papado, vamos apreciá-lo”.

Os papas infames da história revelam a complexidade e as contradições do papado ao longo dos séculos. Desde o escandaloso Sínodo do Cadáver de Estêvão VI até a corrupção e o nepotismo de Alexandre VI e o impacto da Reforma Protestante catalisado por Leão X, essas figuras demonstram como o poder e a influência do papado foram muitas vezes corrompidos por ambições pessoais e políticas. Ao examinar essas figuras controversas, podemos entender melhor as tensões e desafios enfrentados pela Igreja Católica e seu impacto duradouro na história da Europa e do mundo.

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