Em 1202, a Quarta Cruzada tomou um rumo inesperado ao atacar a cidade de Zara. Os cruzados saquearam a cidade, cometendo atos de violência contra os habitantes cristãos.
Em 1198, o Papa Inocêncio III convocou uma nova cruzada para reconquistar Jerusalém. Apesar do fracasso da Terceira Cruzada apenas seis anos antes, o apelo do Papa foi atendido por um exército de 35.000 homens dentro de dois anos. Muitos desses cruzados eram provenientes de Veneza. Inocêncio persuadiu os venezianos a fornecer seus navios para transportar a cruzada, em troca de pagamento.
O pagamento pelos navios deveria vir dos próprios cruzados, porém, em 1202, ficou claro que esse dinheiro não seria arrecadado. A solução veio da cidade de Zara, que havia se rebelado contra Veneza em 1183 e se aliado ao Reino da Hungria. Apesar do rei húngaro estar entre os que concordaram em se unir à Cruzada, os venezianos instruíram os cruzados a atacar a cidade.
Após alguns protestos superficiais, os cruzados chocaram o Papa e o mundo ao concordar em seguir adiante. Inocêncio escreveu várias cartas repreendendo essa decisão, mas os cruzados estavam decididos a seguir em frente, seduzidos pelas promessas de pilhagem e riqueza.
À medida que a realidade do que estavam prestes a fazer afundou, alguns cruzados, como Simon de Montfort, recuaram diante da enormidade do ato e se recusaram a participar. No entanto, a maioria seguiu adiante, ignorando até mesmo os símbolos cristãos nas muralhas da cidade. O cerco começou em 9 de outubro, com grandes máquinas de cerco lançando projéteis contra a cidade enquanto a maioria dos habitantes fugia para ilhas próximas.
A cidade foi saqueada, incendiada e pilhada, o que levou o Papa Inocêncio a tomar a decisão sem precedentes de excomungar todo o exército. Esse episódio foi extraordinário, marcando um desvio trágico da missão original da Cruzada.
A Quarta Cruzada, no entanto, não se limitou a isso. Terminou com a captura e pilhagem de outra cidade cristã – Constantinopla. Os cruzados nunca chegaram perto de Jerusalém.
Em 2004, o Vaticano emitiu um pedido de desculpas pelas ações da Quarta Cruzada, reconhecendo o impacto negativo de suas ações no contexto histórico.