Este artigo é baseado na discussão , explorando facetas pouco conhecidas de Guilherme, o Conquistador, além de seu legado controverso na história inglesa.
Guilherme, o Conquistador, figura proeminente da história medieval, é frequentemente pintado como um líder brutal e impiedoso. Suas campanhas para reprimir as numerosas revoltas na Inglaterra pós-conquista normanda o retratam como um estrategista implacável, cujas táticas poderiam ser interpretadas como sádicas por seus contemporâneos e historiadores posteriores.
No entanto, há um paradoxo interessante em seu legado. Após sua morte em 1087, relatos contraditórios emergiram em seu funeral, sugerindo qualidades surpreendentes de alegria, eloquência e afabilidade. Esses atributos positivos, no entanto, foram erroneamente atribuídos a ele devido a uma má tradução da Crônica de Hugo de Flavigny, que na verdade descrevia o Abade de Verdun.
Para entender verdadeiramente Guilherme, devemos voltar à Crônica Anglo-Saxônica, uma das fontes mais detalhadas sobre seu reinado. Escrita por um cronista anônimo que viveu na corte de Guilherme, a crônica oferece uma perspectiva única dos conquistados. Ela destaca suas realizações, como a manutenção da ordem pública e a fundação da Abadia de Battle, local da Batalha de Hastings, enquanto critica sua ganância e o excessivo número de castelos construídos durante seu reinado.
Um aspecto frequentemente debatido é a reputação de Guilherme como cruel e selvagem. Embora contemporâneos e historiadores modernos tenham descrito suas punições severas, como amputações de mãos e pés para dissidentes, como barbáries, deve-se contextualizar essas práticas no contexto da época. No século XI, essas medidas eram métodos comuns para reprimir revoltas e manter o controle sobre territórios conquistados, uma prática não exclusiva de Guilherme, mas também de outros líderes da época, incluindo os Vikings e os próprios anglo-saxões.
O que distingue Guilherme de seus antecessores é sua relutância em executar prisioneiros políticos, optando por mantê-los encarcerados como alternativa à pena de morte. Essa abordagem, vista como um sinal de cavalheirismo em uma era de brutalidade desmedida, impactou profundamente a política e as relações sociais na Inglaterra pós-conquista.
O legado de Guilherme ressoa até os dias atuais, refletido não apenas na paisagem física da Inglaterra, com suas igrejas reconstruídas e castelos erguidos, mas também na linguagem e cultura que moldou. A influência normanda deixou um legado linguístico duradouro, com o inglês moderno enriquecido por palavras de origem normanda-francesa.
Em conclusão, enquanto a reputação de Guilherme, o Conquistador, como um líder cruel e selvagem tem méritos, sua história revela nuances significativas que destacam sua complexidade como figura histórica. Sua abordagem única para governar e suas contribuições para a Inglaterra moldaram não apenas seu tempo, mas também o futuro do país e sua identidade cultural.