Leitura de História

A Resiliência de Rosa Girone: Uma História de Sobrevivência no Holocausto

A morte de Rosa Girone, sobrevivente do Holocausto, ocorreu na segunda-feira, 24 de fevereiro, mas só foi anunciada na última quinta-feira por sua filha, Reha Bennicasa. A informação foi posteriormente divulgada pela organização Claims Conference, que atua na busca por indenizações para os sobreviventes do Holocausto. A vida de Rosa Girone foi um testemunho de resiliência e força, características que marcaram sua trajetória desde a fuga da Alemanha nazista até sua estabilização nos Estados Unidos.

“Ela era uma mulher forte, resiliente. Ela tirou o melhor proveito de situações terríveis. Ela era muito equilibrada, muito sensata. Não havia nada que eu não pudesse levar a ela para me ajudar a resolver – nunca – desde a infância”, disse Reha Bennicasa, emocionada ao relembrar a mãe. A embaixada israelense em Berlim também prestou homenagem a Rosa, declarando que “sua vida foi um testemunho de sobrevivência e força”.

Rosa Girone nasceu em 1912 em Janow, uma cidade que à época fazia parte do Império Russo e que hoje está localizada na Polônia. Batizada como Rosa Raubvogel, ela emigrou ainda criança com a família para a Alemanha, estabelecendo-se em Hamburgo. Anos mais tarde, casou-se com Julius Mannheim, um judeu alemão. A vida do casal mudou drasticamente em 1937, quando Julius foi preso e enviado para o campo de concentração de Buchenwald, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Na época, Rosa estava grávida de quase nove meses.

Pouco depois da prisão do marido, Rosa deu à luz sua filha, Reha. O nome da criança foi escolhido a partir de uma lista autorizada de nomes judeus, imposta pelos nazistas. “Hitler tinha uma lista de nomes preparados para crianças judias, e esse foi o único do qual eu gostei, então dei esse nome a ela”, contou Rosa em entrevista à USC Shoah Foundation. Apesar das circunstâncias terríveis, Julius foi libertado algum tempo depois, e a família conseguiu deixar a Alemanha.

Com a ajuda de um visto para a China, Rosa, Julius e a pequena Reha fugiram para Xangai. No entanto, a cidade logo caiu nas mãos das tropas japonesas, aliadas dos nazistas, que organizaram um gueto para os judeus locais. A vida no gueto foi extremamente difícil, mas a família conseguiu sobreviver até o final da guerra, quando os japoneses e nazistas foram derrotados. Após o conflito, a família emigrou para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Nova York.

Nos Estados Unidos, Rosa reconstruiu sua vida. Ela se divorciou de Julius e, mais tarde, casou-se com Jack Girone, um americano de quem adotou o sobrenome. A vida de Rosa foi marcada por desafios, mas ela sempre encontrou forças para seguir em frente. “Nada é tão mau que não se possa extrair algo de bom”, disse ela em uma entrevista, resumindo sua filosofia de vida.

Segundo a Claims Conference, existem ainda cerca de 245.000 sobreviventes do Holocausto no mundo, dos quais 14.000 vivem em Nova York. Com a morte de Rosa Girone, acredita-se que Mirjam Bolle, uma israelense nascida na Holanda, seja agora a sobrevivente mais velha do Holocausto. Mirjam completará 108 anos em 20 de março.

A história de Rosa Girone é um lembrete poderoso da capacidade humana de superar adversidades. Sua trajetória, desde a fuga da Alemanha nazista até a reconstrução de sua vida nos Estados Unidos, é um testemunho de resiliência e esperança. Rosa não apenas sobreviveu ao Holocausto, mas também construiu uma vida plena e significativa, inspirando todos aqueles que conheceram sua história.