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Como Alfredo de Wessex deteve o Avanço Viking

O Reino de Wessex, uma das regiões mais importantes da Inglaterra medieval, estava sob constante ameaça das incursões vikings durante o final do século IX. Neste contexto, emergiu uma figura notável: o Rei Alfredo de Wessex, frequentemente creditado como o primeiro governante saxão a conter o avanço das forças invasoras nórdicas. Sua história é marcada por batalhas decisivas, estratégias políticas astutas e um legado que perdurou muito além de sua morte.

Embora muitas vezes seja reverenciado como “Rei da Inglaterra”, é importante notar que a Inglaterra como a conhecemos hoje ainda não existia em seu tempo. A unificação do país sob um único governante saxônico ocorreria apenas mais tarde, sob o reinado de seu neto, Æthelstan. Alfredo, no entanto, desempenhou um papel crucial na formação desta unificação ao defender com sucesso seu reino contra a expansão viking.

O Contexto das Invasões Vikings

Os nórdicos, popularmente conhecidos como vikings, vinham há décadas lançando campanhas militares sobre as ilhas britânicas, uma região fragmentada em diversos reinos independentes. Estes guerreiros nórdicos não eram apenas saqueadores; eles estavam interessados em conquistar terras e estabelecer reinos permanentes. Em 866, os vikings conseguiram estabelecer um domínio em York, fundando o Reino de Jórvik. A partir deste ponto estratégico, começaram a avançar sobre os reinos da Nortúmbria, Ânglia Oriental e Mércia.

A queda de Mércia em 871 foi um golpe devastador para os saxões, deixando o Reino de Wessex como a última grande resistência contra o domínio nórdico no sul da Inglaterra. Governado pelo rei Etelredo II, Wessex era uma região próspera, despertando o interesse dos vikings que, liderados por Halfdan Ragnarsson e outros líderes militares, voltaram suas atenções para o sul.

A Ascensão de Alfredo

Alfredo, o irmão mais novo de Ethelredo, foi um líder inesperado. Frágil desde jovem, possivelmente sofrendo da doença de Crohn, ele não era visto como um guerreiro típico. No entanto, sua inteligência e astúcia política rapidamente se tornaram evidentes. Enquanto Ethelredo ainda estava no poder, Alfredo começou a desempenhar um papel crucial na defesa do reino.

A primeira grande prova de sua liderança veio na Batalha de Reading, onde as forças de Wessex sofreram uma derrota inicial. Recuando para Berkshire, Alfredo tomou a iniciativa de reunir tropas locais, reagrupando as forças saxãs para um novo enfrentamento. Essa resiliência frente à adversidade logo se tornaria uma de suas marcas registradas.

A Batalha de Ashdown

O confronto decisivo aconteceu em Ashdown, em 8 de janeiro de 871. Nessa ocasião, Ethelredo e Alfredo dividiram o exército em duas partes. Ethelredo, no entanto, se ausentou do campo de batalha para participar de uma missa, deixando Alfredo no comando. Demonstrando sua habilidade tática, Alfredo lançou um ataque surpresa contra os vikings, que estavam em uma posição desvantajosa. Este movimento ousado resultou na morte do líder dinamarquês Berserk e na primeira grande vitória saxã contra os invasores.

Apesar dessa vitória, o caminho para a paz estava longe de ser garantido. Nos meses seguintes, as forças de Wessex continuaram a enfrentar os vikings em várias batalhas, incluindo a desastrosa Batalha de Merton, onde Ethelredo foi mortalmente ferido. A morte de seu irmão colocou Alfredo no trono de Wessex, em uma posição que exigiria não apenas força militar, mas também diplomacia.

A Paz com os Nórdicos

Alfredo herdou um reino devastado pela guerra, com poucos recursos e um exército enfraquecido. No entanto, sua habilidade de negociação se mostrou tão importante quanto sua liderança no campo de batalha. Em vez de continuar a luta incessante, Alfredo optou por negociar a paz com os nórdicos, usando táticas que incluíam o pagamento de tributos e a construção de fortificações defensivas conhecidas como burhs. Este período de relativa paz permitiu a Alfredo consolidar seu poder e fortalecer a infraestrutura de Wessex.

A estratégia de Alfredo não foi apenas defensiva. Ele também investiu em reformas militares e administrativas que melhoraram a capacidade de Wessex de resistir a futuras incursões. Além disso, ele incentivou o renascimento da educação e da cultura, traduzindo textos importantes para o inglês antigo e promovendo o aprendizado em seu reino. Estes esforços cimentaram seu legado como um dos maiores reis da Inglaterra anglo-saxã.

A Batalha de Ethandun e o Legado de Alfredo

A batalha mais significativa do reinado de Alfredo foi, sem dúvida, a Batalha de Ethandun em 878. Após um período de tensões renovadas, os vikings liderados por Guthrum invadiram Wessex novamente. Alfredo, mostrando sua resiliência, conseguiu reunir um exército e, em uma batalha feroz, derrotou os invasores. Esta vitória não apenas assegurou a independência de Wessex, mas também resultou na conversão de Guthrum ao cristianismo, um marco importante na relação entre os saxões e os nórdicos.

O legado de Alfredo é vasto e multifacetado. Ele não apenas defendeu Wessex contra a ameaça viking, mas também lançou as bases para a eventual unificação da Inglaterra. Sua combinação de força militar, habilidade diplomática e compromisso com o renascimento cultural fez dele uma figura central na história britânica.

Embora Alfredo nunca tenha governado toda a Inglaterra, suas ações pavimentaram o caminho para seus descendentes completarem a unificação do país. Seu neto, Æthelstan, seria o primeiro a ser coroado como “Rei de toda a Inglaterra”, realizando o sonho que Alfredo começou a construir. Hoje, Alfredo é lembrado como “Alfredo, o Grande”, um título que poucos monarcas na história britânica receberam, e seu legado continua a inspirar gerações.

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