Leitura de História

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Saladino
Saladino

Criado em um Mundo de Guerra: A Conquista de Jerusalém por Saladino

Neste dia, em 1187, Saladino, o inspirador líder muçulmano que se tornaria uma figura central na Terceira Cruzada, entrou triunfante na cidade sagrada de Jerusalém após um cerco bem-sucedido. Salah-ad-Din Yusuf ibn Ayyub, conhecido no Ocidente como Saladino, nasceu em 1137 no atual Iraque, em um período marcado por conflitos incessantes e pelo desejo de retomar Jerusalém, perdida para os cristãos durante a Primeira Cruzada.

O Contexto Histórico

A Primeira Cruzada, iniciada em 1096, culminou na captura de Jerusalém pelos cristãos em 1099. Os cruzados, após tomarem a cidade, massacraram muitos dos habitantes muçulmanos e judeus, estabelecendo um reino cristão em Jerusalém, um constante ponto de tensão e afronta para os muçulmanos. Este ambiente de conflito e o desejo de recuperar a cidade sagrada moldaram a juventude de Saladino.

Ascensão ao Poder

Saladino passou sua juventude em um cenário de guerras e intrigas políticas. Ele começou a construir sua carreira militar sob o comando de seu tio, Sheikh, no Egito. Após a morte de Shirky, Saladino tornou-se o vizir do Egito e, eventualmente, consolidou seu poder, tornando-se o sultão do Egito. A partir daí, ele iniciou campanhas na Síria, unificando territórios muçulmanos e consolidando seu poder pessoal e político.

Campanhas Iniciais e Conflitos Internos

As primeiras campanhas de Saladino foram, em grande parte, contra outros muçulmanos, o que ajudou a criar uma unidade necessária para enfrentar os cruzados. Ele lutou contra a misteriosa ordem dos Assassinos e estabilizou seu domínio no Egito e na Síria antes de voltar sua atenção para os invasores cristãos. A necessidade de preservar uma frágil trégua com os cruzados na Síria levou a uma série de guerras prolongadas.

A Batalha de Hattin: O Ponto de Virada

Em 1187, Saladino reuniu uma força imensa e invadiu o Reino de Jerusalém, enfrentando o maior exército que os cruzados já haviam reunido, liderado por Guy de Lusignan, rei de Jerusalém, e Raimundo de Trípoli. A batalha decisiva ocorreu em Hattin, onde os cruzados cometeram um erro estratégico ao deixar sua única fonte segura de água. As forças de Saladino, utilizando táticas de guerrilha e aproveitando o calor abrasador, conseguiram infligir uma derrota esmagadora aos cruzados. A captura de Guy de Lusignan e de um fragmento da verdadeira cruz marcou uma vitória significativa para Saladino.

 O Cerco e a Conquista de Jerusalém

Com a vitória em Hattin, o caminho para Jerusalém estava aberto. A cidade, repleta de refugiados e com defesas enfraquecidas, não estava em condições de resistir a um cerco prolongado. Saladino iniciou o cerco e, após tentativas iniciais caras de assalto, recorreu a mineiros para abrir brechas nas muralhas. Apesar das dificuldades, o desespero dentro da cidade crescia, e Balian de Ibelin, comandante da defesa, saiu para negociar uma rendição.

Uma ilustração cristã da vitória decisiva de Saladin sobre Guy de Lusignan em Hattin.
Uma ilustração cristã da vitória decisiva de Saladin sobre Guy de Lusignan em Hattin.

 Rendição de Jerusalém

Inicialmente, Saladino recusou os termos de rendição, mas Balian ameaçou destruir a cidade e matar seus habitantes. Finalmente, em 2 de outubro de 1187, Jerusalém se rendeu oficialmente. Saladino aceitou um resgate de 30.000 dinares para libertar 7.000 cidadãos. Em contraste com a conquista cristã quase um século antes, a aquisição de Jerusalém por Saladino foi relativamente pacífica, permitindo que mulheres, idosos e pobres deixassem a cidade sem pagar resgate.

Consequências e Legado

A captura de Jerusalém por Saladino provocou uma onda de choque no mundo cristão, levando ao lançamento da Terceira Cruzada apenas dois anos depois. Na Europa, um “dízimo de Saladino” foi imposto para financiar a nova expedição militar. Durante a Terceira Cruzada, Saladino e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, desenvolveram um respeito mútuo, mesmo como adversários.

As conquistas de Saladino se mostraram decisivas, com Jerusalém permanecendo em mãos muçulmanas até sua captura pelas forças britânicas em 1917 durante a Primeira Guerra Mundial. A liderança de Saladino, sua habilidade estratégica e sua magnanimidade em vitória o tornaram uma figura histórica respeitada e admirada tanto no Oriente quanto no Ocidente.

Saladino é lembrado não apenas por suas conquistas militares, mas também por sua capacidade de unificar os muçulmanos e sua postura de respeito e misericórdia em relação aos inimigos derrotados. Sua captura de Jerusalém marcou um ponto de inflexão nas Cruzadas e teve um impacto duradouro na história da região e nas relações entre o mundo islâmico e cristão.

As forças lideradas pelos britânicos capturaram Jerusalém em dezembro de 1917
As forças lideradas pelos britânicos capturaram Jerusalém em dezembro de 1917

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