Heinrich Schliemann revelou os segredos de Tróia, comprovando a lenda e desenterrando camadas da antiga cidade. Descubra a história por trás dessa descoberta.
Entre 1871 e 1873, Heinrich Schliemann, um empresário alemão que se tornou pioneiro da arqueologia, fez uma das descobertas mais famosas da história da arqueologia. Ele comprovou que a lenda de uma grande cidade comercial pré-clássica, situada em uma colina acima de uma planície no lado leste da entrada dos Dardanelos (conhecida na época clássica como Helesponto), era baseada na realidade: Tróia.
Descobrindo as Muitas Camadas da Cidade
Schliemann identificou um local em um monte então conhecido como Hissarlik, onde encontrou grandes muralhas que indicavam a necessidade de robustas defesas. Apesar de inicialmente considerar o local como uma cidadela compacta, escavações subsequentes revelaram um centro urbano maior ao redor desta cidadela.
As camadas de assentamento encontradas por Schliemann foram meticulosamente divididas em diferentes estágios de desenvolvimento da cidade, procurando-se ansiosamente por sinais de incêndio ou destruição que pudessem corresponder ao saque homérico. As camadas denominadas Tróia VI ou VIIa são os candidatos mais prováveis para a Tróia lendária, embora uma camada de material queimado possa indicar uma conflagração doméstica e não um saque, e evidências de superlotação na cidade não indiquem necessariamente refugiados fugindo dos gregos.
O que Sabemos?
A localização geográfica e a importância comercial de Tróia fornecem boas razões estratégicas ou políticas para que os reis gregos, irritados com os altos pedágios na passagem do Helesponto ou ávidos por saques, desejassem atacar a cidade. Independentemente de um príncipe troiano ter ou não fugido com uma princesa micênica chamada Helena, como na lenda, a cidade tinha um valor estratégico significativo.
Há também evidências nos registros burocráticos do poderoso reino hitita, que mencionam um estado chamado Wilusa — nome equivalente ao grego Ilion, outro nome para Tróia — situado no noroeste da Ásia Menor. Um de seus governantes tinha um nome semelhante a Alexandros, a alternativa em grego para Páris, o raptor de Helena, filho do rei Príamo de Tróia. Além disso, os Ahhiwiya (possivelmente os gregos) estavam em campanha na área no século XIII a.C.
No entanto, as tradições gregas existentes não registram governantes suficientes para a longa história de Tróia, nem explicam claramente a reconstrução da cidade após o saque. Os gregos podem ter registrado com precisão Príamo como o rei na época da grande guerra. Há também uma tradição posterior que liga os etruscos do norte da Itália, vizinhos de Roma, à Lídia, ao sul de Tróia. As semelhanças nos nomes, cultura e DNA dos dois povos sugerem que pode haver alguma verdade nas histórias de que exilados troianos migraram para a Itália após a guerra.