Leitura de História

James K. Polk: O Presidente que Conquistou um Império

Na galeria dos presidentes americanos, poucos foram mais eficazes — e mais esquecidos — do que James Knox Polk. Não há monumentos grandiosos em Washington que levem seu nome. Seu rosto não aparece em cédulas ou moedas. Mas se o mapa dos Estados Unidos hoje se estende do Atlântico ao Pacífico, se a Califórnia é um paraíso tecnológico e o Texas um gigante geopolítico, é porque Polk assim o quis. E ele fez isso em apenas quatro anos.

James K. Polk foi o presidente do Destino Manifesto, o homem que incorporou à política externa o espírito agressivo dos pioneiros e tornou a expansão territorial uma missão divina. Fez do país uma potência continental — à força da diplomacia, da guerra e da obstinação.

Um Discípulo de Jackson

 

Nascido em 1795 na Carolina do Norte e criado no Tennessee, Polk era, em essência, um filho da fronteira. Cresceu sob a sombra de Andrew Jackson, e absorveu dele mais do que ideias — herdou sua dureza, seu populismo e sua crença feroz na autoridade presidencial. Os dois homens compartilhavam a visão de uma América dominando o continente — uma república agrária expandindo-se como o sol nascente sobre as montanhas rochosas.

Antes de chegar à presidência, Polk foi congressista e governador do Tennessee. Nada em sua trajetória sugeria grandeza. Mas em 1844, quando o Partido Democrata se dividia entre os moderados de Martin Van Buren e os radicais da expansão territorial, Polk surgiu como um candidato de consenso — ou melhor, de oportunidade.

Sua plataforma era simples e agressiva: anexar o Texas, reivindicar o Oregon e conquistar a Califórnia. Tudo em um só mandato. E, espantosamente, foi exatamente o que ele fez.

O Destino Manifesto e a Ambição Territorial

 

Polk assumiu o cargo em 1845 num momento em que o país ardia de febre expansionista. O conceito do Destino Manifesto — a ideia de que os Estados Unidos tinham direito divino de dominar a América do Norte — tomava conta da imaginação nacional. Mas transformar esse ideal em realidade exigia mais do que retórica. Exigia confrontos.

Polk não hesitou. Primeiro, negociou com a Grã-Bretanha um acordo para dividir o território do Oregon, estabelecendo a fronteira no paralelo 49. Evitou uma guerra com os britânicos, mas deixou claro que estava disposto a lutar, se preciso fosse.

Em seguida, voltou sua atenção para o sul: o México.

A Guerra que Fez a América

 

A anexação do Texas, que o México ainda considerava parte de seu território, foi o estopim. Polk enviou tropas para a disputada região entre os rios Nueces e Bravo (ou Grande), já esperando — e talvez desejando — um confronto. Quando os mexicanos atacaram uma patrulha americana em abril de 1846, Polk declarou que sangue americano havia sido derramado em solo americano. O Congresso aprovou a guerra.

Foi um conflito polêmico, sangrento e assimétrico. Enquanto soldados marchavam do Texas à Cidade do México, opositores como Abraham Lincoln e Henry David Thoreau questionavam a moralidade e a legalidade da guerra. Mas para Polk, não havia dúvida: era uma guerra justa, porque era uma guerra de destino.

Em 1848, com o Tratado de Guadalupe Hidalgo, o México cedeu mais da metade de seu território: o atual sudoeste americano, incluindo Califórnia, Arizona, Novo México, Utah e Nevada. Foi a maior expansão territorial da história dos EUA — e uma humilhação irreparável para o México.

Vitória Total — e Silêncio Voluntário

 

Polk cumpriu cada uma de suas promessas de campanha. Raridade entre políticos, ele recusou concorrer à reeleição. Deixou o cargo em 1849, exausto e impopular entre os críticos, mas satisfeito por ter transformado a geografia do país. Morreu apenas três meses depois, aos 53 anos, provavelmente vítima das tensões que acumulou na Casa Branca.

Polk não buscava glória pessoal. Buscava conquista nacional.

O Preço da Expansão

 

Mas o legado de James K. Polk é uma moeda de duas faces.

Sim, ele dobrou o território americano, impulsionou a economia, consolidou a presença no Pacífico e pavimentou o caminho para a ascensão dos EUA como potência global. Mas também plantou as sementes da Guerra Civil, ao reacender o debate sobre a escravidão nos novos territórios.

A guerra com o México foi vista por muitos, especialmente no norte abolicionista, como um esforço para estender o “império da escravidão”. E os próprios mexicanos jamais esqueceram a mutilação de sua nação.

Polk expandiu o país, mas também dividiu sua alma.


 

Um Presidente de Ferro no Século da Expansão

 

No estilo de Paul Andrew Hutton, não se conta a história de James K. Polk como se fosse a de um herói ou de um vilão. Conta-se como a de um homem que entendeu o momento histórico em que vivia — e o empurrou ao limite.

Ele é, ao mesmo tempo, símbolo da eficiência política e da arrogância imperial. Um líder que acreditava que a vontade nacional era a própria vontade de Deus — e agiu como se fosse.

Se hoje os Estados Unidos se estendem “de mar a mar brilhante”, é porque James K. Polk traçou esse horizonte no papel — e fez o país marchar até lá.