Mario Vargas Llosa, falecido em 13 de abril de 2025 aos 89 anos, foi uma das figuras mais proeminentes da literatura e política latino-americana. Nascido em Arequipa, Peru, em 28 de março de 1936, sua trajetória é marcada por uma produção literária vasta e um engajamento político intenso.
Desde jovem, Llosa demonstrou interesse pela escrita, publicando seu primeiro romance, “La ciudad y los perros” (A Cidade e os Cachorros), em 1963. A obra, baseada em sua experiência no Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima, trouxe à tona críticas ao autoritarismo e à violência institucionalizada, estabelecendo-o como um dos principais nomes do “boom” latino-americano.
Ao longo de sua carreira, Llosa explorou diversos gêneros literários, incluindo romances, ensaios, peças teatrais e jornalismo. Entre suas obras mais notáveis estão “Conversación en la Catedral” (Conversa na Catedral), que examina a corrupção política no Peru dos anos 1950, e “La guerra del fin del mundo” (A Guerra do Fim do Mundo), uma reinterpretação da Guerra de Canudos no Brasil, inspirada em “Os Sertões” de Euclides da Cunha.
Em 2010, Llosa foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, reconhecido por sua “cartografia das estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual” . Esse reconhecimento consolidou sua posição como um dos maiores escritores contemporâneos.
Politicamente, Llosa teve uma trajetória complexa. Inicialmente simpatizante do socialismo e da Revolução Cubana, rompeu com o regime de Fidel Castro após discordâncias sobre a liberdade de expressão e direitos individuais. Posteriormente, tornou-se um defensor do liberalismo econômico e da democracia representativa. Em 1990, candidatou-se à presidência do Peru pela coalizão Frente Democrática (FREDEMO), sendo derrotado por Alberto Fujimori .
Llosa também teve uma vida pessoal marcada por mudanças. Casou-se duas vezes e teve três filhos. Em seus últimos anos, manteve um relacionamento com Isabel Preysler, do qual se separou em 2022. Em 2021, seu nome apareceu nos Pandora Papers, revelando a criação de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para gerir os royalties de suas obras.
Mesmo após sua morte, o legado de Mario Vargas Llosa permanece vivo. Suas obras continuam a ser estudadas e admiradas por sua profundidade, estilo narrativo inovador e compromisso com a liberdade individual. Seus escritos oferecem uma análise crítica das estruturas de poder e das complexidades da sociedade latino-americana, tornando-o uma figura indispensável para compreender a literatura e a política da região.
Obras Selecionadas de Mario Vargas Llosa:
- “La ciudad y los perros” (A Cidade e os Cachorros) – 1963
- “La casa verde” (A Casa Verde) – 1966
- “Conversación en la Catedral” (Conversa na Catedral) – 1969
- “La guerra del fin del mundo” (A Guerra do Fim do Mundo) – 1981
- “La fiesta del chivo” (A Festa do Bode) – 2000
- “Travesuras de la niña mala” (Travessuras da Menina Má) – 2006
Essas obras refletem a diversidade temática e estilística de Llosa, abordando desde críticas sociais até análises históricas e introspecções pessoais.
Mario Vargas Llosa foi mais do que um escritor; foi um pensador crítico, um defensor da liberdade e um observador atento das transformações sociais e políticas de seu tempo. Seu legado literário e político continua a influenciar gerações, reafirmando a importância da literatura como ferramenta de reflexão e mudança.