Sempre que falamos de Antigo Egito, nos vem a mente a imagem de múmias empoeiradas e paredes cobertas de hieróglifos, símbolos que retratam pessoas, animais e objetos de aparência muito estranha.
Entre esses antigos símbolos do alfabeto egípcio, têm pouca semelhança com o alfabeto romano com utilizamos hoje.
Tanto a sua aparência quanto o significado permaneceu um misterioso para a humaniodade até a descoberta da Pedra de Roseta em 1798. Após o achado da Pedra de Roseta, o estudioso francês Jean-François Champollion foi capaz de decifrar a linguagem confusa dos hieróglifos.
Mas fica a pergunta, de onde veio as formas de escrita icônicas e como podemos entender isso?
Aqui está uma breve história dos hieróglifos.
Os registros mais antigos de comunicação simbólica datam aproximadamente de 10.000 a.C., quando humanos utilizavam desenhos para registrar eventos e possivelmente se comunicar. Inicialmente gravados em cerâmica, como potes de barro, esses símbolos foram encontrados nas margens do Nilo, especialmente em túmulos de elites da era pré-dinástica, como o governante conhecido como “Escorpião I” de Naqada.
Quais são as origens dos hieróglifos?
Sabe-se que desde mais ou menos 10.000 aC, os humanos usavam desenhos para registrar seus atos e talvez se comunicar entre si.
Os símbolos, gravados em cerâmica, como potes de barro, encontrados ao longo das margens do Nilo em túmulos de elite.
Esses escritos datam da época do governante pré-dinástico chamado Naqada ou “Escorpião I” e estavam entre as primeiras formas de escrita no Egito.
Porém o Antigo Egito não foi o primeiro lugar a ter comunicação escrita. A Mesopotâmia já tinha uma longa história de uso de símbolos em fichas que remonta a 8.000 aC.
No entanto, diferente da Mesopotâmia, os hieróglifos egípcios retratam a flora, a fauna e as imagens nativas da vida cotidiana.
O primeiro achado de uma frase completa em hieróglifo, foi no artefato de um selo real, enterrado na tumba do governante, Seth-Peribsen em Umm el-Qa’ab, datado da Segunda Dinastia, 28 ou 27 séculos aC.
Acredita-se que no período dos reinos médios , 2.500 aC, o alfabeto continha cerca de 800 símbolos.
E durante a dominação grega e romana, chegaram a mais de 5.000 símbolos em uso.
Como funcionam os hieróglifos?
Os hieróglifos egípcios podem ser categorizados em três tipos principais de glifos: fonéticos, que representam sons como as letras do alfabeto; logógrafos, que representam palavras inteiras como os caracteres chineses; e ideogramas, que alteram seu significado quando combinados com outros glifos.
À medida que a escrita hieroglífica evoluiu, surgiram duas formas alternativas: o hierático, usado para propósitos sacerdotais em papiros, e o demótico, uma forma simplificada popular para comunicação cotidiana.
Os primeiros são os fonéticos, que incluem caracteres únicos que funcionam como as letras do alfabeto portugues.
O segundo são os logógrafos, que são caracteres escritos que representam uma palavra, assim como os caracteres chineses.
O terceiro são os fotogramas, que podem alterar o significado quando combinados com outros glifos.
À medida que os egípcios se aperfeiçoaram na escrita dos hieróglifos, surgiram dois scripts: o hierático (sacerdotal) e o demótico (popular).
Pois esculpir hieróglifos em pedra era trabalhoso, e havia a necessidade de um tipo de escrita mais fácil.
Os hieróglifos hieráticos eram mais adequados para escrever em papiro com juncos e tinta, geralmente falavam sobre religião, tanto é que a palavra grega que deu nome ao alfabeto; hieróglifos significa ‘escultura sagrada’.
A escrita demótica foi desenvolvida por volta de 800 aC para uso em outros documentos ou na escrita de cartas.
Os hieróglifos foram utilizados por mais de 1.000 anos, sobrevivendo ao domínio persa e persistindo durante os períodos grego e romano. A crença grega e romana de que os hieróglifos continham conhecimento místico e mágico contribuiu para sua preservação. No entanto, com o fechamento dos templos não cristãos pelo imperador bizantino Teodósio I em 391 d.C., os hieróglifos entraram em declínio.
Durante a Idade Média, estudiosos árabes como Dhul-Nun al-Misri e Ibn Washiya tentaram interpretar os hieróglifos, mas seu progresso foi prejudicado pela crença incorreta de que os símbolos representavam ideias, não sons falados.
Os hieróglifos foram usados por mais de 1.000 anos. Eram lidos da direita para a esquerda como o árabe, ao contrário dos hieróglifos anteriores que não tinham espaços entre eles e podiam ser lidos de cima para baixo.
O declínio dos hieróglifos
Os hieróglifos se mantiveram vivos sob o domínio persa ao longo dos séculos VI e V aC, e após a conquista do Egito por Alexandre, o Grande.
Também sobreviveram ao período grego e romano. Estudiosos contemporâneos sugerem que os hieróglifos foram mantidos em uso pelos egípcios, para tentar separar os egípcios nativos de seus conquistadores.
Acredita-se que muitos gregos e romanos pensavam que os hieróglifos continham conhecimentos ocultos, e mágicos, por causa de seu uso na prática religiosa.
Ainda assim, muitos gregos e romanos pensavam que os hieróglifos continham conhecimentos ocultos, e mágicos, por causa de seu uso contínuo na prática religiosa egípcia.
Já no século 4 dC, poucos egípcios eram capazes de ler hieróglifos. O imperador bizantino Teodósio I fechou todos os templos não-cristãos em 391, marcando o fim do uso oficial dos hieróglifos.
Na idade média, os estudiosos árabes Dhul-Nun al-Misri e Ibn Washiya tentaram traduzir os símbolos. No entanto, seu progresso foi baseado na crença incorreta de que os hieróglifos representavam ideias e não sons falados, os levando ao fracasso.
A decifração dos hieróglifos só ocorreu com a invasão do Egito, por Napoleão. As forças do imperador, além de um grande exército que levou cientistas e especialistas culturais, desembarcaram em Alexandria em julho de 1798.
Nessa campanha, uma laje de pedra, inscrita com glifos, foi descoberta como parte da estrutura em Fort Julien, um acampamento ocupado pelos franceses perto da cidade de Rosetta.
Essa pedra continha 3 versões de um decreto emitido em Memphis pelo rei egípcio Ptolomeu V Epifânio em 196 aC.
Os textos de cima e do meio estão em escritas hieroglíficas e demóticas do Egito antigo, enquanto o de baixo é grego antigo.
Entre 1822 e 1824, o linguista francês Jean-François Champollion chegou a conclusão que as 3 versões diferem apenas ligeiramente, e a Pedra de Roseta tornou-se a chave para decifrar as escritas egípcias.
Apesar da descoberta da Pedra de Roseta, interpretar hieróglifos ainda continua sendo um desafio até mesmo para egiptólogos experientes.