O Caso Norton: 17 anos após o assassinato do colunista social Norton Batista da Silva, o crime permanece sem solução. Relembre os detalhes e as teorias por trás deste mistério.
Entre os termos que a imprensa hesita em tratar, o primeiro a ser mencionado foi o Caso Norton, que completa 36 anos sem solução. Norton Batista da Silva, um colunista social conhecido em Florianópolis, foi assassinado com seis tiros na noite de 15 de julho de 1989, exatamente no momento em que o boxeador Maguila nocauteou Evander Holyfield. O Ministério Público denunciou seis homens como envolvidos no crime, mas todos foram absolvidos por falta de provas.
O caso, que já gerou inúmeras matérias e lendas, ganhou mais um capítulo intrigante no aniversário de 17 anos do assassinato. O jornal Notícias do Dia, de Florianópolis, publicou uma matéria relembrando o crime em sua edição de final de semana.
No entanto, em uma decisão no mínimo curiosa, a direção do jornal ordenou o recolhimento dos exemplares que ainda estavam nas bancas após o meio-dia. Os jornaleiros relataram vendas incomuns, com algumas pessoas comprando até 20 exemplares. Apesar de não haver uma explicação clara, especula-se que a decisão tenha sido tomada devido à pressão de familiares dos envolvidos no caso, que se sentiram incomodados com a exposição.
Um Crime que Continua sem Solução
O assassinato de Norton Batista da Silva ocorreu em uma das principais avenidas do centro de Florianópolis, em uma noite fria de inverno. As investigações apontaram para um grupo de jovens, alguns de famílias influentes da cidade.
Um dos acusados foi defendido pelo renomado criminalista Márcio Thomaz Bastos, que mais tarde se tornaria Ministro da Justiça. Apesar das denúncias, a Justiça considerou que faltavam provas concretas para condenar os suspeitos, e o crime permanece sem autoria definida.
O caso ganhou notoriedade nacional, sendo até tema do programa Linha Direta, da Rede Globo. As investigações, conduzidas pelo delegado Renato Hendges, sugeriam que o crime estava ligado a uma rede de tráfico de cocaína, roubo de carros, sequestros e outros delitos. No entanto, a falta de provas concretas levou à absolvição dos acusados.
Sociedade Interamericana de Imprensa e o Caso Norton
Curiosamente, Norton Batista da Silva está listado entre os 299 jornalistas assassinados na América Latina entre novembro de 1987 e abril de 2006, segundo a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Embora ele provavelmente não tenha sido morto por causa de sua profissão — já que colunistas sociais tendem a fazer mais amigos do que inimigos —, o caso continua a incomodar jornalistas e a sociedade em geral. A SIP mantém um registro desses crimes para pressionar por investigações mais rigorosas e inibir a violência contra profissionais da imprensa.
Novas Revelações e Teorias
Ao longo dos anos, novas teorias surgiram sobre o assassinato de Norton. Uma delas, apresentada por Moacir Benvenutti, amigo do colunista, sugere que Norton estava envolvido no tráfico de drogas. Segundo Benvenutti, Norton vendia cocaína para jovens da alta sociedade, mas frequentemente deixava de pagar seus fornecedores, o que poderia ter motivado o crime. No entanto, essa teoria foi descartada pela polícia, que afirmou não haver evidências concretas para sustentar tal alegação.
Outra linha de investigação apontava para o roubo do carro de Norton, um Ford Escort, como motivação do crime. Os acusados teriam planejado o roubo para substituir um veículo empenhado a um traficante. No entanto, o dispositivo anti-furto do carro impediu que os criminosos fugissem com o veículo, e Norton foi morto a tiros durante a tentativa de roubo.
O Silêncio das Testemunhas
Um dos aspectos mais intrigantes do caso é o silêncio das testemunhas. O tenente Marcos Aurélio Silva, que presenciou o crime da janela de sua casa, afirmou que não fez um retrato falado dos assassinos porque não foi solicitado. Ele também alegou que a polícia da época não possuía os recursos tecnológicos necessários para identificar os suspeitos com precisão. No entanto, o delegado Renato Hendges sugeriu que o tenente pode ter se sentido ameaçado e optado por não cooperar com as investigações.
O Impacto do Caso na Sociedade Catarinense
O assassinato de Norton Batista da Silva abalou profundamente a sociedade catarinense. O crime, que permanece sem solução, continua a gerar interesse e especulações. A cada aniversário do assassinato, o caso volta às manchetes, reacendendo debates sobre a impunidade e a eficácia do sistema judicial.
O Caso Norto é um exemplo emblemático de como crimes não resolvidos podem continuar a assombrar uma sociedade. A falta de provas concretas, o silêncio das testemunhas e as pressões políticas e sociais contribuíram para que o caso permaneça sem solução. Enquanto isso, a memória de Norton Batista da Silva e a busca por justiça continuam a inspirar jornalistas e cidadãos a manter viva a chama da investigação.