Os ataques vikings e os assentamentos subsequentes definem o período conhecido como a Era Viking na Grã-Bretanha, que teve consequências profundas no desenvolvimento da cultura, da lei e da língua do país. Estes ataques começaram em junho de 793 d.C., quando três navios se aproximaram da costa pela abadia de Lindisfarne, na costa nordeste da Inglaterra.
Inicialmente, a abadia acreditava que esses navios pertenciam a comerciantes nórdicos perdidos. Na tentativa de ajudá-los, os monges saíram para guiá-los até a costa, mas foram imediatamente atacados. Os marinheiros vikings saquearam a abadia e assassinaram todos que encontraram na ilha. Este evento marcou o início de uma era de terror e mudança.
Motivos das Invasões
Riqueza e Recursos
A causa mais clara para os ataques vikings foi a aquisição de riqueza. A Inglaterra anglo-saxônica era particularmente conhecida por seus lucrativos centros comerciais, e os escandinavos estavam cientes disso através de seu próprio comércio com a região. Os ricos presentes dados a Lindisfarne – como livros evangélicos elaborados e esculturas adornadas com tintas caras – eram alvos irresistíveis para os saqueadores, especialmente porque os monges não tinham armas para defender esses tesouros.
A riqueza das comunidades religiosas, desprotegidas e localizadas próximas à costa, fazia delas alvos fáceis e tentadores. Por exemplo, no ano seguinte ao ataque a Lindisfarne, os vikings saquearam a vizinha Abadia de Monkwearmouth-Jarrow, que já foi a casa do Venerável Bede. Esses ataques iniciais serviram como um incentivo para futuras expedições.
Terras Agrícolas
Além de riqueza imediata, os vikings descobriram em seus primeiros ataques que a Grã-Bretanha oferecia terras férteis que poderiam ser cultivadas. Consequentemente, muitos guerreiros vikings voltaram à Grã-Bretanha com suas famílias para se estabelecer e cultivar a terra. Este movimento não apenas oferecia uma nova vida, mas também garantia a segurança alimentar para suas comunidades.
Expansão e Estratégia Militar
Os primeiros ataques e o saque abundante incentivaram expedições militares mais elaboradas. Em 865 d.C., o Grande Exército Pagão, liderado por Halfdane e Ivar, o Desossado, chegou à Anglia Oriental em uma enorme frota e marchou pela terra. Em 867 d.C., a cidade de York caiu em 868 d.C., Mércia foi invadida e, em 871 d.C., Halfdane derrotou todas as forças enviadas contra ele. Tão poderoso se tornou que Alfredo, o Grande, não teve escolha a não ser pagar-lhe uma quantia exorbitante para deixar Wessex.
Aspectos Religiosos
A religião também teve um papel significativo nessas incursões. Os povos de língua germânica que migraram para a Escandinávia por volta de 2300 a.C. trouxeram consigo crenças em deuses ferozes que recompensam heróis corajosos na batalha. Na época do século II-III d.C., Odin havia sido elevado a uma posição de supremacia no panteão nórdico, tornando-se “o deus por excelência da Era Viking” (Harl, 15).
Odin era o deus da guerra, batalha e vitória militar, mas também presidia sobre pensamento, razão, poesia, música e lógica. Aqueles que o seguiam devotamente, conhecidos como Úlfhéðnar ou “berserkers”, lutavam ferozmente na batalha sem medo aparente da morte. Eles acreditavam nos presentes que Odin lhes dava na vida e nas recompensas que os aguardavam após a morte. Segundo a mitologia nórdica, esses heróis viviam no salão de Odin, Valhalla, festejando e aprimorando suas habilidades marciais para a batalha final de Ragnarok, o fim do mundo conhecido.
Impacto das Invasões
Os ataques vikings tiveram consequências duradouras na Grã-Bretanha. Culturalmente, os invasores trouxeram suas próprias práticas, tradições e até mesmo influências linguísticas, que se misturaram com as existentes. Legalmente, a presença viking levou a novas formas de governança e administração, refletidas nos acordos como o Danelaw, a área da Inglaterra onde as leis dinamarquesas prevaleceram sobre as anglo-saxônicas.
A economia também foi profundamente afetada. As invasões iniciais e subsequentes colonização resultaram em trocas comerciais intensas e um fluxo constante de mercadorias entre a Escandinávia e a Grã-Bretanha. Este intercâmbio econômico não apenas trouxe riqueza, mas também novas tecnologias e práticas agrícolas que beneficiaram ambas as regiões.
Em resumo, os vikings invadiram a Grã-Bretanha por uma combinação de fatores econômicos, territoriais e religiosos. A busca por riqueza imediata, a atração por terras férteis e a motivação proporcionada por suas crenças religiosas foram determinantes para suas ações. As invasões resultaram em mudanças profundas e duradouras na sociedade britânica, moldando a história do país de maneira significativa.
Essas ações, inicialmente vistas como ataques bárbaros, acabaram por tecer uma complexa tapeçaria cultural e histórica, que continua a influenciar a Grã-Bretanha até os dias de hoje.