Descubra a história épica da rivalidade entre Roma e Cartago, desde suas origens mitológicas até as Guerras Púnicas que definiram o destino do Mediterrâneo.
As guerras entre Roma e Cartago marcaram um dos capítulos mais brutais e conhecidos da história romana inicial.
Mas quem eram exatamente os cartagineses e qual era a natureza desse império rival?
Segundo a lenda, a cidade de Cartago, situada próxima à atual Túnis, na costa norte da África, foi fundada no século IX a.C. pela rainha Dido, também conhecida como Elissa na tradição grega.
Embora mais lembrada hoje como personagem na obra “Eneida“, de Virgílio, onde ela tenta seduzir em vão o errante Eneias, fugindo da destruição de Tróia, Dido desempenhou um papel crucial na mitologia cartaginesa, sendo vista como a precursora das tensões futuras entre Cartago e Roma.
Contudo, os historiadores contemporâneos questionam a veracidade dessa lenda, embora seja inegável o papel fundamental de Cartago como um dos principais impérios da antiguidade.
A cidade de Cartago foi estabelecida como um importante centro comercial pelos fenícios, uma civilização marítima originária do território que hoje compreende o Líbano.
Ao longo do tempo, ela se expandiu e se tornou um polo comercial vital, controlando uma rede de dependências que se estendia desde o norte da África até a Espanha e a Sicília, englobando uma grande variedade de produtos e mercadorias.
Situada estrategicamente nas rotas comerciais do Mediterrâneo, Cartago prosperou graças à sua especialização na produção de têxteis finos, perfumes e utensílios domésticos.
Além disso, a cidade era renomada por suas práticas agrícolas avançadas, sendo um dos primeiros centros de produção de vinho da região mediterrânea. Vestígios da influência cartaginesa, como ânforas de vinho, foram descobertos até mesmo em regiões tão distantes quanto as Ilhas Britânicas e a costa atlântica da África Ocidental.
O exército cartaginês, conforme relatado por fontes antigas, era notavelmente composto principalmente por mercenários.
Diferentemente de sociedades como a espartana, que desenvolveram uma cultura militarizada interna, Cartago confiava na contratação de soldados de outras regiões, incluindo a Líbia, a Numídia e a Espanha, formando uma força militar diversificada e poderosa.
Entre os destaques do exército cartaginês estava a cavalaria númida, temida por sua habilidade em assediar o inimigo à distância com dardos.
Montados em ágeis cavalos berberes, esses guerreiros eram reconhecidos como alguns dos melhores cavaleiros do continente africano.
As tensões entre Roma e Cartago finalmente culminaram nas Guerras Púnicas, uma série de conflitos que se estenderam por mais de um século. Iniciando-se em 264 a.C., essas guerras testemunharam batalhas brutais e estratégias militares ousadas, destacando-se especialmente a invasão de Hannibal Barca à Itália através dos Alpes em 218 a.C., culminando na Batalha de Cannas, em 216 a.C., uma das maiores derrotas de Roma.
No entanto, apesar de alguns sucessos cartagineses, Roma gradualmente ganhou vantagem, resultando no cerco e na destruição de Cartago em 149 a.C., um evento que marcou o fim definitivo do império cartaginês.
O confronto entre Roma e Cartago deixou um legado duradouro na história, moldando não apenas o destino desses dois impérios, mas também o curso da civilização mediterrânea. O episódio final, com a destruição de Cartago, serve como um lembrete sombrio da brutalidade que muitas vezes acompanha o poder e a rivalidade entre grandes potências.