É uma santa católica e virgem mártir do século III. Venerada na igreja católica romana e na igreja ortodoxa no dia 4 de dezembro. No Brasil é muito conhecida como protetora contra as calamidades causadas por tempestades e raios.
A Origem
Bárbara, como é conhecida, foi uma jovem nascida na cidade de Nicomédia, região da Bitínia, atualmente denominada Izmit, na Turquia, localizada ao lado do Mar de Mármara. Seu nascimento é supostamente datado do final do século II da era cristã.
A Conversão ao Cristianismo
Acredita-se que durante seu nascimento, Maximiano (250-310 d.C.) era governador da Bitínia, e Diocleciano (243-305 d.C.) era imperador de Roma, pois as datas do nascimento e morte de Bárbara são imprecisas, baseadas em relatos de lendas populares.
E muitas vezes seus relatos se confundem com outros relatos míticos da antiguidade, como os relatos de donzelas presas em torres. Mas a maioria dos relatos, tendem a atribuir sua existência ao século três da era cristã.
Era filha única de um rico cidadão romano chamado Dióscoro, também a relatos de que o mesmo era um alto funcionário da cúria romana.
Por ser filha única, seu pai receava em deixar a filha em contato com a sociedade corrupta da época. Devido à recente viuvez, esse resolveu dedicar toda a sua atenção à educação e cuidado da filha. Dedicação essa que segundo as lendas, se tornou passional e doentia, levando o pai a entregar a própria filha a morte.
Dióscoro decide fechar Bárbara em uma torre, onde essa ficaria isolada da sociedade, recebendo educação particular e tendo apenas contato com a família e serviçais.
Por ser rica e bonita, Bárbara recebia diversas propostas de casamento, dos melhores partidos da região. Porém não se agradava a nenhum e rejeitava a todos. Há versões das histórias de Santa Bárbara, onde se relata que a mesma esboçava um desejo de viver em castidade, devido a influência invisível do Deus cristão.
Seu pai acreditava que essa insociabilidade se dera devido ao fato da mesma ter ficado trancada em uma torre por muitos anos. Por isso permitiu que a mesma fizesse passeios pela cidade.
Nesses passeios foi que Bárbara tomou contato com a religião cristã, sendo que a mesma foi batizada em segredo de seu pai, que era adepto da religião oficial do império romano. Contam as lendas, que Bárbara foi batizada por um padre que chegou disfarçado de mercador de Alexandria. Na época o maior pregador da Nicomédia era o Bispo Zenão de Verona, e seus adeptos se encontravam escondidos, devido ao governo de Diocleciano ter sido um dos mais severos em relação à perseguição dos cristãos.
Existem relatos de que recebeu os ensinamentos diretamente de Orígenes de Alexandria, entre os biógrafos que citam as histórias de Santa Bárbara estão São João Damasceno e Arsênio, O Grande e acredita-se que a mesma tinha 17 anos quando se converteu.
Quando seu pai Dióscoro, resolveu fazer uma longa viagem, Bárbara ordenou que os empregados construíssem uma terceira janela em sua casa de banho, representando a santíssima trindade. Ainda mandou que se esculpisse uma cruz sobre a terceira janela.
Contam lendas, que após a morte de Bárbara, a fonte de água da casa de banho secou, mais tempos depois voltou a jorrar águas com poderes curativos, relato esse que não pode ser confirmado.
O Desentendimento com o Pai
Quando voltou de viagem, seu pai lhe indagou o porquê da construção da terceira janela, e a mesma respondeu que era em homenagem à nova fé.
Irritado com a conversão da filha, Dióscoro a atacou e tentou matá-la com uma espada, essa ainda tentou fugir, escondendo-se em uma caverna. Contam lendas que Bárbara conseguiu atravessar uma parede, pois as portas e janelas estavam fechadas.
Existem versões da lenda, em que a mesma fugiu até Atenas e se escondeu em uma mina, sendo protegida pelos mineiros, por isso ganhou o título de padroeira dos mineiros.
Seu pai a perseguiu e capturou-a, manteve a mesma encarcerada na mesma torre em que havia passado a sua juventude, passando por um jejum forçado, na tentativa que a mesma renunciasse à fé cristã.
Dióscoro a denunciou ao prefeito Martiniano, Martiniano a submeteu a torturas na tentativa de fazê-la renunciar a fé cristã, ainda lhe salgaram as feridas, mais a noite ela rezava para Deus, que curasse suas feridas.
Segundo a tradição, Bárbara foi torturada durante vários dias e a noite um anjo vinha tratar suas feridas e as curava.
Como a mesma não renunciou à fé, foi condenada à morte por decapitação.
Durante as seções de tortura, uma jovem chamada Juliana proferiu em voz alta o nome dos carrascos, o que a fez ser condenada junto com Barbara.
Também conta a tradição que uma jovem cristã, chamada Emiliana, se ofereceu para tomar seu lugar, e que a mesma foi presa e morta no mesmo dia que Bárbara.
Ambas foram levadas pela rua e açoitadas, Bárbara também teve os seios cortados. E depois foi decapitada pelo próprio pai. Foi decapitada a golpes de espada, pois era tradição que a nobreza fosse morta pela espada. Acredita-se que a mesma morreu em 4 de dezembro, data de sua veneração no calendário romano.
Após sua morte, um raio atingiu seu pai que caiu morto. Martiniano também foi fulminado por um raio.
Após a execução, os corpos de Bárbara e Juliana, foram recolhidos por um cristão chamado Valenciano e enterrados em um local denominado Gelásio, onde se tornou um centro de peregrinação.
Os Dons e atributos de Santa Bárbara
Ela é venerada, no dia 4 de dezembro, e por ter tido seu pai morto por um raio, Bárbara é considerada a Santa Protetora dos Raios e Tempestades.
E também a padroeira dos mineiros e artilheiros, e de todos os que trabalham com fogo. Sua veneração por parte dos mineiros, provavelmente surgiu em função de a mesma ter se escondida embaixo da terra, numa caverna, é pouco provável que ela tenha sido ocultada em uma mina.
Nas representações Bárbara aparece segurando uma palma, símbolo do martírio, uma espada, instrumento usado em sua morte e um cálice, símbolo de sua vontade de ajudar os doentes e necessitados.
No século VI, as relíquias de Santa Bárbara foram trazidas para Constantinopla. No século XII, a filha do Imperador Bizantino, Aleixo Comenes, que também era Bárbara, ao contrair matrimônio com o príncipe russo, Miguel Izyaslavich, as transladou para Kiev, na Ucrânia. Atualmente, seus restos mortais descansam na Catedral de São Valdomiro, em Kiev.
Oração de Santa Bárbara
ua oração, que invoca sua proteção contra as forças da natureza, é recitada por fiéis ao redor do mundo, reforçando a devoção contínua a essa santa mártir, cujo exemplo de fé e resistência continua a inspirar cristãos de todas as denominações.
Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Santa Bárbara, rogai por nós.
Referências:
_ Flos sanctorum: ou História das vidas de Christo e sua santíssima mãe e dos santos e suas festas, Volumes 11-12 – Tipografia Universal de Thomas Quintino Antunes, 1869.
Besen, Raulino Reitz, José Artulino – Santa Bárbara: primeiro núcleo da colonização alemã em Santa Catarina – Editora da UFSC, FSC, 1992.
Tommasi, Tarcila. Santa Bárbara, Editora Paulinas – 2003.