Maria de Rabutin-Chantal, marquesa de Sévigné, foi uma nobre e escritora francesa cujas cartas, muitas delas escritas para a sua filha a partir do Château des Rochers-Sévigné, são modelo do que hoje chamamos de gênero epistolar.
As Origens
Maria de Rabutin-Chantal, marquesa de Sévigné ou ou Madame de Beau Sergent (em francês: Marie de Rabutin-Chantal, marquise de Sévigné, nascida em Paris, no dia 5 de fevereiro de 1626, e falecida em Grignan, 17 de abril de 1696.
Pertencia a uma tradicional família francesa, os rabutin-chantal. Sua família Vinah de uma longa tradição de austeridade, sua avó por exemplo, fundou al’ordre de la Visitation, composta de um grande número de conventos na França e países vizinhos, sob a orientação espiritual do Bispo de Genebra Francisco de Sales.
Ficou órfã de pai (Celsus-benigna Rabutin, 1596-1627), barão de Chantal, com um ano de idade, pois o mesmo morreu no cerco de La Rochelle, também perdeu a mãe Marie de Coulanges (1603-1633), seis anos depois.
No restante de sua infância foi criada pelo avô, Philippe de Coulanges, e depois que ester morreu, foi criada pelo seu tio mais velho, Philippe de Coulanges. De quem recebeu a sólida educação, que lhe era característica.
Em 04 de agosto de 1644 na Saint-Gervais em Paris, casou-se aos 18 anos, com Henri, marquês de Sévigné, porém alguns historiadores acreditam que esse não possuía nenhum título de nobreza.
Teve dois filhos que sobreviveram, Françoise-Marguerite de Sévigné (1646-1705), Charles de Sévigné (1648 – 1713).
Seu casamento parecia não ser muito feliz, pois depois de um tempo passou a viver sozinha e em 1652, seu marido faleceu, ficando viúva com 25 anos de idade. Fato pitoresco é que seu marido foi morto em um duelo com Amanieu François, Senhor do Ambleville, em defesa da honra da amante do mesmo.
Uma católica convicta, extremamente culta e letrada, gostava de frequentar as festas das sociedades como as de Madame de Lafayette.
Sua Obra
Quando sua filha Françoise, casa-se com o senhor de Grignan, esse é nomeado para um posto na Provença, então Madame de Grignan, passa a morar na Provença, quando se inicia o longo processo de correspondência.
A correspondência entre Madame de Sévigné e sua filha Madame de Malebranche, durou entre os anos de 1626 até 1696. Essa correspondência compõe nada mais, nada menos que 1.100 cartas, que versam sobre os mais variados temas. Foram vinte e cinco anos numa taxa de duas ou três cartas por semana.
Suas cartas são consideradas obras perfeitas do ponto de vista literário e estilístico, no que se refere à língua francesa, fonte inesgotável de dados históricos e sociológicos da sociedade de sua época. Onde o leitor é informado sobre costumes, modo de ser e pensar e até modismos. Da França e da Inglaterra, pois seu estilo de vida nobre lhe permitia viajar e viver entre esses dois países.
Os escritos de Madame de Sévigné foram pioneiros na abordagem de sentimentos íntimos. Debruçada sobre o ambiente afetivo delicado, confuso, a marquesa-mãe mostra verdadeira adoração pela condessa-filha, escrevendo com graça e demonstrando grande número de sofisticação. Considerada uma das melhores estilistas da língua francesa, é responsável pela fixação e uniformização de seu idioma.
Discreta em suas cartas sobre tudo o que se refere ao ciclo de vida de uma mulher de sua época, como parto, pós-parto, educação dos filhos, casamento, maternidade e até doenças. Sendo uma das maiores fontes contextuais da sociedade da época de Luiz XV.
Suas cartas demonstram também um elevado nível de cinísmo, como quando essa comenta o suicídio de Vetel, mordomo do Príncipe de Condé, em 1671, cuja a notícia não afeta em nada um jantar que acabara de se iniciar. O mesmo tinha se matado a facadas pro vergonha, porque um carregamento de peixes não havia chegado a tempo para o jantar. Também considerações sobre os enforcados que faziam caretas horríveis e da selvagem repreensão da Bretanha, em 1675, faziam parte de suas conversas triviais, demonstrando a indiferença e o cinismo da sociedade francesa de sua época.
O Legado
Sua obra foi publicada pela primeira vez em 1726, por sua neta, Pauline de Grignan, marquise de Simiane, que publicou 614 cartas no período de 1734-1737, e posteriormente publicou 772 em 1745-1747, através do editor Denis-Marius Perrin, da Provença.
A questão da autenticidade de suas cartas foi sempre levantada, pois apenas 15% são assinadas, e o resto se perdeu. No entanto, em 1873, várias cópias manuscritas foram encontradas em uma loja de antiguidade, abrangendo quase metade da correspondência publicada, confirmando a autenticidade da mesma, essas cartas também foram publicadas por Charles Capmas em 1876.
Bibliografia:
Voir lettre à Bussy-Rabutin du 4 décembre 1668. La noblesse de la famille est maintenue lors de la réformation, le 7 novembre 1670. Roger Duchêne, in Madame de Sévigné, Lettres choisies, coll. « Folio classique », Gallimard, 1988.
KONDER, Leandro., As artes da palavra: Elementos para uma poética marxista – Boitempo Editorial, 2015.
HOPKINS, Donald R., The Greatest Killer. Smallpox in History, The University of Chicago Press, Chicago et Londres 2002
MINOIS, Georges., História do riso e do escárnio – Editora UNESP, 2003.